quinta-feira, 15 de julho de 2010

VIEIRA DO MINHO

O concelho de Vieira do Minho é a 2ª cidade mais montanhosa do distrito de Braga.
Ocupando cerca de 216 km quadrados, é limitado por várias cidades vizinhas, tais como Amares, Terras de Bouro, Montalegre, Povoa de Lanhoso, Cabeceiras de Basto e Fafe.
Sendo um concelho rodeado de varias serras, como o Gerês e o Merouço, é a serra da Cabreira que se destaca, alimentando o gado, fornecendo a água as populações com os seus principais rios, muito conhecidos, sendo eles o rio Ave e o Cavado, fornecendo locais de grandes belezas naturais.





Toda a Serra da Cabreira oferece mais valias para passar belos dias descansados. A ruralidade das suas aldeias oferecem tudo o que agrade a quem as visita, desde alojamentos em casas rurais, a sua deliciosa gastronomia, os seu produtos naturais, os artesanato típicos da região,etc.
Algumas das aldeias, fora denominadas de "Aldeias de Portugal" pela Associação de Turismo de Aldeia, dadas as suas caracteristicas que combina um ambiente onde a tradição rural se alia ao conforto moderno.
Destacam-se as aldeias de Lourido, Campos e de Agra, sendo esta a mais conhecida, situada na freguesia de Rossas, que detém um cenário único, onde a beleza natural da Serra da Cabreira, dos campos férteis e as suas unidade de alojamento, são um refúgio para quem queira afastar-se da azáfama das cidades.

Enquanto vagueamos pelas ruas da aldeia, admirando as casas típicas de pedra somos interrompidos pela passagem do gado que por ali vagueia com ou sem os pastores.




Para alem destas, existem mais aldeias com belos lugares para se visitar. Uma delas é a aldeia de Soutelo, Conhecida pelo santuário da Senhora da Lapa.


O Santuário, situa-se no sopé da Serra da Cabreira, é um pequeno templo adaptado de uma gruta natural, na qual segundo a lenda, foi encontrada uma imagem de Maria.
Como a maioria deste tipo de construções, existem lendas associadas.
Transcrevo agora a lenda deste santuário.

"Decorria o ano de 1805, quando Nossa Senhora da Lapa surgiu diante de uma pequena pastorinha, no local onde inicialmente a imagem tinha surgido. Sabendo do ocorrido, o pai da criança deslocou-se ao local a fim de constatar o ocorrido.
Quando a sua filha apontou para o local da aparição, lá estava a Nossa Senhora novamente. Rapidamente a notícia da aparição se espalhou pelas localidades mais próximas, iniciando as romarias no primeiro dia do mês de Junho. Em 1º de Junho de 1805 reuniram-se mais de quinhentas pessoas neste local. Dado o enorme fluxo de peregrinos, o abade Rodrigues Ramos ordenou a construção de um altar por debaixo do bloco granítico onde a imagem de Nossa Senhora tinha surgido. Ordenou também que a área em redor fosse convenientemente preparada de forma a receber o maior fluxo de peregrinos possível."
Hoje em dia, são muitos os que visitam esta bela região onde se situa Soutelo e a sua bela capela, a qual está fechada a maior parte do tempo, abrindo apenas para algumas cerimónias religiosas.

Para termos noção das imensidão da beleza da Serra da Cabreira, ao lade deste magnifico santuário, existe um belíssimo miradouro para apreciar as belas paisagens da região.





A subida até este miradouro não é muito fácil, pois temos de subir uma encosta ora por escadas, ora pelos penedos e até por dentro deles.
Tudo isto compensado pelas magnificas paisagens destas terras.


Fala-se de paisagens e belas construções, e não podia de deixar de referir a já conhecida Ponte da Mizarela, ou ponte do Diabo. Uma construção emblemática e muito bela, recheada de belas histórias que merecem ser contadas.


Após a ultima indicação da ponte, a estrada é muito estreita, pois só passa um carro de cada vez. Seguindo em frente, encontramos uma pequena capela onde se inicia o percurso pedestre até á ponte da Mizarela. Este percurso, tem uma distância de cerca 1.5km, sempre a descer.





A meio caminho já podemos observar a ponte através de um largo protegido por barreiras, para não corrermos o risco de cair no precipício.

No fim do estreito acesso, chegamos finalmente á ponte. De inicio deparamo-nos com uma homenagem aos combatentes que bravamente lutaram contra as invasões francesas.






Olhando á volta, podemos ouvir o som da água a cair em pequenas cascatas, e observar a fauna e a flora muito rica naquela zona.


Como todos sabemos, o norte português é muito rico em lendas e mitos, tal como não podia deixar de ser, também esta ponte tem uma, quanto á sua construção.


Esta é a lenda da Ponte da Mizarela.

"Localizado na aldeia de Sidrós, na freguesia de Ferral, concelho de Montalegre o cenário do episódio é a velha Ponte da Misarela, sobre o Rabagão, cujas margens penhascos as surgem belas a uns e horríveis a outros, conforme a imaginação e o estado de espírito.

Conta, então, a lenda que, sabe-se lá quando, um desgraçado criminoso, tentando escapar-se ao longo braço da justiça, acabou por ver-se encurralado, em desespero, nos penhascos sobranceiros ao rio Rabagão. É natural e comum que, em tão adversas circunstâncias, se apele à intervenção divina, mas, talvez porque fosse excessivo o peso dos pecados na consciência, o foragido optou por convocar o diabo, que está sempre atento a estes lances para deles sacar proveito. Assim, foi instantânea a aparição do mafarrico, que não esteve com meias medidas na chantagem do costume: "Salvo-te, pois claro, se me deres a alma em troca".

E que importância tem a alma, quando é o corpinho que está com problemas? Aceitou o celerado a oferta e, logo ali, com o poder que se lhe reconhece, o diabo, enquanto esfregava um olho, fez aparecer uma ponte ligando as margens do rio. Sem olhar para trás, o perseguido atravessou para a outra margem, após o que, sujeito de palavra, o demónio fez desaparecer a ponte, assim travando a perseguição das autoridades.

Retomou o maligno às suas infernais instalações com a alma do desgraçado, mas o assunto não se ficava por ali. Salvo o corpo mas perdida a alma, viria o criminoso arrepender-se da permuta, pelo que decidiu procurar um frade - conhecido na região por viver em estado de santidade - e contar-lhe o sucedido. "Pecado, meu filho, terrível pecado!", conjecturou, supõe-se, o santo homem, passando, de pronto, ao conselho prático: "Vais outra vez ao lugar junto ao rio e voltas a chamar o Diabo, tomando a pedir-lhe ajuda para a travessia. E deixa o resto comigo".

Assim foi feito. O desalmado chama, o cornudo aparece e, com assinalável espírito de colaboração e não menos louvável desinteresse - a'alma do outro já lá cantava -, satisfaz o pedido: a ponte salvadora reaparece. O homem começa a atravessá-la, mas, quando ia a meio, aparece na outra extremidade o frade magano, que rapa da água benta e asperge com largos gestos. Fica benzida a ponte, que permanece no sítio, esfuma-se o mafarrico e o penitente recupera a alma perdida.

Consumava-se a vitória do Bem sobre o Mal, mas ficava, ainda, mais que contar.Acrescenta a lenda que, radicado nas populações circunvizinhas o carácter sagrado da Ponte da Misarela, passou a ser hábito que, quando uma mulher não levava os filhos a cabo - ou seja, quando algo ia mal na gravidez -, se dirigisse à Ponte e debaixo dela pernoitasse, na expectativa de ajuda celeste para o seu problema.

Na sequência da operação, estava estabelecido que a primeira pessoa que atravessasse a Ponte no dia seguinte teria que ser padrinho ou madrinha da criança, à qual seria posto o nome de Gervásio, se rapaz viesse ao mundo, ou de Senhorinha, se de rapariga se tratasse. E isto para que, por obra e graça do pré-baptismo, a mulher tivesse um bom sucesso na sua gravidez."





Estão cansados?

No meio de tudo isto, é merecido um bom descanso. Nada melhor do que saborear a oferta gastronómica principalmente assentada na carne barrosã gado que pastoreia grande parte do ano nos pastos verdejantes da Serra da Cabreira. Para além da famosa vitela que pode ser degustada em qualquer restaurante, o visitante pode encontrar um leque variado de sabores, verdadeiras iguarias da cozinha portuguesa,com destaque para o cabrito, a truta, o Cozido à Portuguesa, o presunto, os enchidos, as rabanadas, os barquilhos, o doce de vinho, o mel, a marmelada, as compotas, etc...

Contudo, um dos manjares tradicionais mais apreciado pelas gentes da terra é o famoso prato Couves com feijões, confeccionado a base de feijão amarelo, couve galega, batatas, carne de porco e enchidos.

Despeço-me com barriga cheia e até a próxima viagem.